Sistema Cantareira está em estado crítico, com apenas 20% do volume de água disponível
- Segunda-Feira, 01 Dezembr
- 0 Comentário(s)

Sistema Cantareira começa dezembro em situação críticaOnde antes havia uma represa imensa, agora surgem rachaduras profundas no solo, um barco encalhado e até uma estrada de terra que voltou a aparecer no fundo do reservatório. O Sistema Cantareira, principal fonte de água da Grande São Paulo, está minguando, com apenas 20,8% de sua capacidade total.Isso está fazendo com que moradores revivam o medo da crise hídrica que marcou o estado há dez anos.Em Joanópolis, a cerca de 6 km da divisa com Minas Gerais, fica grande parte de rios e riachos que alimentam o Cantareira. Mas a água está muito abaixo do esperado. O solo craquelado lembra o cenário enfrentado na pior seca da história recente do estado.“Olha isso daqui, gente... a gente não tem noção do que é isso daqui. O tanto de água que estava coberto aqui... era a barraquinha de pescador”, lamenta Biu, que hoje caminha por áreas que, há menos de um ano, estavam submersas.Sistema Cantareira está com 20% do volume de água disponívelReprodução/TV GloboMarinheiro turístico, Biu afirma que a baixa do reservatório já afeta o trabalho e o turismo local.“É muito triste porque aqui, como a cidade é turística, né?, e essa represa indo embora dessa forma que tá... não chove. Então, para mim, que trabalho nessa área de marinheiro, e para outros também, é muito triste ver essa situação que estamos passando.”Em outro ponto, um braço inteiro da represa secou. O nível da água baixou tanto que uma antiga estrada de terra, antes submersa, reapareceu no leito.“A represa ia até onde está o nível desse barranco. Onde está verdinho, a água chegava até aquele ponto ali e ia embora. Ela tinha alguns braços de água que hoje não têm mais nada de água. Só esse pequeno córrego, que é o que abastece, mas bem fraquinho”, relata o empresário Daniel Felippe Kuilici Bacci. “A gente tem lembranças disso aqui cheio, com vida, com animais, com as pessoas passeando de barco, caiaque, pescando... e hoje vê esse grande vazio.”O Sistema Cantareira é responsável por 40% de toda a água consumida na Grande São Paulo. De cada dez copos de água distribuídos na região metropolitana, quatro vêm desse conjunto de represas. Por isso, quem acompanha diariamente a queda do nível teme a repetição da crise de 2014 e 2015.Para monitorar a situação, Biu marcou na rampa de embarcações o ponto onde a água estava há 11 meses. “Essa marca onde estava o nível da água era de janeiro. Se fosse em janeiro, a gente estaria agora debaixo d’água”, diz.A preocupação aumenta porque, em tese, desde outubro a região está no período de cheia das represas — mas as chuvas seguem abaixo da média histórica e não conseguiram recuperar o volume do sistema. Parte dessa baixa recarga tem sido compensada pelo bombeamento de água do Rio Paraíba do Sul, que opera em regime especial desde setembro.Solo craqueado do Cantareira lembra a pior crise hídrica de SPA Sabesp afirma que o sistema de abastecimento está mais robusto desde a crise de 2014, com integração entre represas e investimentos que beneficiaram mais de 22 milhões de moradores da Grande São Paulo. A pedido da Arsesp, a companhia reduziu a pressão da água nas tubulações: primeiro por 8 horas diárias, em agosto; depois, por 10 horas, desde setembro. Segundo a empresa, mais de 44 bilhões de litros foram economizados desde 27 de agosto.O governo do estado informou que monitora diariamente a situação dos mananciais e que tem adotado medidas estruturantes e emergenciais diante das chuvas abaixo da média em 2024. Uma dessas obras, a transposição do Rio Itapanhaú para reforçar o Sistema Alto Tietê, foi entregue nesta segunda-feira (1º).Sistema Cantareira está com 20% do volume de água disponívelReprodução/TV GloboReservatórios do Sistema Cantareira estão com 24% da capacidade em outubro de 2025, segundo a SabespReprodução/TV Globo


