Caso Ruy Ferraz: Ex-delegado tinha rascunho de denúncia sobre fraudes em licitações na prefeitura
- Terca-Feira, 25 Novembr
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Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz FontesO ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros em Praia Grande, no litoral de São Paulo, tinha o rascunho de uma denúncia ao Ministério Público (MP) em seu notebook. De acordo com a Polícia Civil, o arquivo relava suspeitas de fraudes sobre procedimentos licitatórios da prefeitura, onde ele atuava como secretário municipal de Administração. Ruy sofreu uma emboscada na saída do expediente e morreu no dia 15 de setembro. Dois meses depois, o primeiro inquérito sobre o caso foi concluído com o indiciamento de 12 suspeitos. Cinco deles, porém, foram soltos. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.O relatório final da Polícia Civil, obtido pelo g1, aponta que, no notebook de Ruy, foi encontrado um documento que estava sendo produzido por ele para enviar ao MP. O texto era sobre procedimentos licitatórios em que Ruy acreditava ter indícios de fraudes envolvendo funcionários da prefeitura e empresários. Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi assassinado enquanto ocupava cargo de secretário de Administração de Praia GrandeReprodução e Prefeitura de Praia GrandeDiante disso, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigava a execução, solicitou medidas cautelares em relação a alguns funcionários da administração pública para verificar se a atuação de Ruy na prefeitura poderia ter vínculo com o assassinato dele. Desta forma, foi instaurado um inquérito policial autônomo específico para apuração de fraude em licitações e lavagem de dinheiro pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos. Em outubro, inclusive, cinco servidores foram alvos de mandados de busca e apreensão (veja abaixo). Ex-delegado: Polícia cumpre mandados em endereços no litoral de SPPorém, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) descartou a hipótese de uma relação da morte dele com a sua gestão como secretário municipal de Praia Grande. Procurada pelo g1, a Prefeitura de Praia Grande não se manifestou até a publicação desta reportagem.Denúncia O MP-SP ofereceu denúncia contra oito indiciados, considerando que a morte de Ruy foi uma vingança do Primeiro Comando da Capital (PCC) pela atuação do ex-delegado contra o crime organizado ao longo da carreira. De acordo com o MP-SP, o planejamento da execução começou em março de 2025, com furto de veículos, compra de armamentos e definição de imóveis para apoio logístico. MP denuncia oito envolvidos na execução do ex-delegado Ruy Ferraz FontesVeja quem são os denunciados: Felipe Avelino da Silva (Mascherano) Responsável por furtar o Jeep Renegade usado na ação, esconder o veículo e instalar placas falsas. Impressões digitais dele foram encontradas no carro. Flávio Henrique Ferreira de Souza Ligado ao Jeep Renegade furtado junto com Felipe; digitais dele também foram achadas no veículo. Está foragido. Luiz Antonio Rodrigues de Miranda Participou do planejamento, usou imóveis de apoio e ajudou a ocultar armas após o crime. Foragido. Dahesly Oliveira Pires Transportou e ocultou fuzil, carregadores e munições no dia seguinte ao crime, para proteger os executores. Willian Silva Marques Cedeu sua casa em Praia Grande como esconderijo e depósito de armas. Testemunhas relataram que ele sabia do uso ilícito do imóvel. Paulo Henrique Caetano de Sales Integrante do grupo, participou da logística e esteve em imóveis usados como base. Preso. Cristiano Alves da Silva Atuou na execução e na logística; possui antecedentes por roubo e receptação. Preso. Marcos Augusto Rodrigues Cardoso (Fiel/Penélope) Apontado como recrutador e organizador do grupo. Integrante do PCC em posição de “disciplina” no Grajaú, com ascendência sobre os demais. Conversas interceptadas mostram que ele escalou executores e planejava fuga para o exterior. MP denuncia oito pela execução de ex-delegado no litoral de SP; crime foi ordenado pelo PCCReproduçãoQuem era Ruy?O delegado Ruy Ferraz Fontes, assassinado a tiros na Praia Grande, Litoral de São Paulo.Reprodução/TV GloboRuy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Ele teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital.Nesse período, Ruy liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias.VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos


